Rubem Alves, maior que os homens…

Extraído do Google Imagens

Extraído do Google Imagens

O Brasil ficou mais pobre com a morte de Rubem Alves, e resolvi escrever uma simples nota, pois mesmo sem saber, ele representou muito pra mim. Rubem Alves rompeu as barreiras do evangelicalismo brasileiro, foi estigmatizado por seus pares pastores e teólogos, mas seguiu a vida sem mágoas e com seu jeito simples, seu estilo mineiro e seu conhecimento profundo encantou o mundo e alcançou patamares nunca antes alcançados por evangélicos brasileiros. Ele não era evangélico? Quem somos nós para dizer que não, mas com certeza alguns fundamentalistas desconfiarão da sua eleição no Senhor, mas ainda bem que este assunto não nos pertence, e sim ao Senhor.

Aprendi admirá-lo ao ler seus livros, de os ler para minhas filhas e muitas das suas crônicas contei nos casamentos que realizei. Obviamente que não concordo com tudo o que ele escrevia, mas certamente que ele abriu janelas inimagináveis na minha cabeça, me ensinou a amar a vida, as crônicas, as poesias, os contos e a Deus de uma maneira diferente. Não, Rubem Alves não foi um bom teólogo, não por incapacidade, mas simplesmente por não se encaixar em nenhum estereótipo teológico tradicional, tinha um jeito só dele, meio Paul Valéry, de crer e se relacionar com Deus, foi um fantástico teopoeta, bem ao estilo Adélia Prado, a quem ele tanto amava.

Em muitas das minhas noites e madrugadas sem dormir li e reli seus livros, e como as suas palavras acalentaram meu coração de poeta inquieto, de teólogo incomodado, de pastor cansado, de filósofo em busca da verdade, da sabedoria, da felicidade e do amor. Não via Rubem Alves como teólogo, embora ele o fosse de formação, não o via como pastor, embora o fosse por vocação, mas não pastoreou do púlpito e sim por seus livros.

Ele foi muito mais, foi poeta, e como escreveu a poetiza Florbela Espanca: “Ser poeta é ser mais alto, é ser maior do que os homens!” Rubem Alves foi a combinação de tudo isto, ele era o pássaro encantado de seu próprio conto! E agora? Agora continuarei a ler e reler seus livros, contar seus contos, declamar suas poesias e adorar ao Deus sobre o qual ele mesmo descreveu: “um grande, enorme Vazio, que contém toda a Beleza do universo… eu posso dizer que Deus tem de existir. Tem Beleza demais no universo, e Beleza não pode ser perdida. E Deus é esse Vazio sem fim, gamela infinita, que pelo universo vai colhendo e ajuntando toda a Beleza que há, garantindo que nada se perderá, dizendo que tudo o que se amou e se perdeu haverá de voltar, se repetirá de novo. Deus existe para tranqüilizar a saudade.”

E assim Rubem Alves não se perdeu, foi recolhido por Deus como uma das belezas do universo. Sentiremos saudades das suas novidades, mas ainda há muito do Rubem Alves entre nós.

por Luis A R Branco

Deixe um comentário