Doa-se poesias

Extraído do Google Imagens

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Tinha o sonho de distribuir poesias,
Assim como os homens gentis distribuem flores,
E os músicos de ruas distribuem suas canções.
Tratei de juntar alguns ramos de poesias e
os coloquei debaixo dos braços e fui para uma esquina.
Mas não era uma esquina qualquer, eram oportunidades do dia,
Brechas nas almas e corações das pessoas que por ali passassem.
Também não eram apenas ramos, era ramos de poesias,
Poesias de todas cores e cheiros.
Umas falavam da paixão, outra da desilusão,
Umas falavam da saudade, outras dos reencontros,
Umas falavam da dor, e outras do alívio,
Uma falava da mulher, outra da natureza,
E assim passei dias a distribuir poesias.
Uns agarravam-nas com entusiasmo e felicidade,
Outros apertavam-nas ao peito e tentavam extrair delas sentimentos, Outros as cheiravam, buscando extrair delas a sua doçura,
E outros ainda examinavam cada palavra, como um floricultor examinandos as pétalas e botões das flores,
Entretanto alguns, talvez azedados e mal amados pela vida, deitavam as poesias ao chão como algo sem valor para serem pisadas pelos homens.
Desesperado tentei recolher aquelas que eram atiradas ao chão tentando salvá-las inutilmente. Uma vez partidas, sujas e abandonadas para nada mais serviam.
Assim também  ficou meu coração, voltei para casa com as poesias que sobraram,
Triste e desanimado por viver numa cultura sem cultura,
Tranqueiem casa, mas deixei um aviso na porta:

“DOA-SE POESIAS”

por Luis A R Branco

– Poema estraído do livro: Poesias, Prosas e Pensamentos, por Luis Alexandre Ribeiro Branco (Lisbon: Verdade na Prática, 2014), página 106.

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